Por que temos vergonha de "errar"?
- Juliana dos Santos

- 28 de fev. de 2022
- 2 min de leitura
Segunda-feira de Carnaval! Eu não havia programado texto para hoje! Mas algo gerou um “gatilho”. Vou te contar.
Eu costumo acordar muito cedo e, como tenho cachorro, levanto, lavo a varanda, ajeito as coisas dele e descemos para passear. Ele cheira tudo e faz as coisas de cachorro. Eu penso um pouco!
Hoje, antes da 6h da manhã, enquanto eu lavava a varanda e ele começava a lidar com a ansiedade da saída. Eis que escutamos um barulho. Ele partiu logo para latir e tentar ver o que havia acontecido na rua. Eu fui até a sacada e vi um homem caído de bicicleta.
Na fração de segundos e, antes mesmo de oferecer ajuda, pude ver a expressão de vergonha no rosto do homem que estava no chão. Ele olhou em volta para ver se alguém estava olhando e eu sem saber se oferecia ajuda ou não.
Pois bem! Decidi escrever sobre a cena, metaforizando.
Um homem com equipamentos de quem é experiente: short com acolchoado, tênis de encaixe em pedais, capacete, tudo mais. E eu pensei: “ esta é a cara que nós, professores/as, fazemos quando temos tudo para que as rotas deem certo, mas algo quase invisível passa no nosso caminho”.
Às vezes, está tudo certo: o planejamento, as metodologias que pensamos em empregar, as formas de avaliação do trajeto. Tudo! Porém, “do nada”, parece que caímos. Aí surge o desconforto, a vergonha de pensarmos em sermos descobertos na queda, a falta de coragem de pedir ajuda e as inúmeras indagações sobre o que nos fez “cair”.
Há muitas coisas a se pensar:
O caminho pode ter oferecido uma pedrinha: uma orientação que não pensamos em dar, a turma que não compreendeu uma etapa, um aluno que por algum motivo acaba desestruturando a turma e mais tantas coisas que surgem na prática;
A gente não precisa ter vergonha: não aprendemos a lidar com empecilhos. Então, parece que uma pequena coisa soa como um fracasso, quando é no diálogo com os pares que discutimos formas de acertar a rota;
Alguém precisa ajudar o colega que está caído: os profissionais precisam se sentir confortáveis nas equipes e, principalmente, nas instituições para que as avaliações de rota sejam feitas sem que haja um ar de punição por algo que aconteceu.
Não se pode controlar todas as variáveis na construção das rotas e é preciso que tenhamos o conforto de agir, quando caímos da bicicleta, mesmo tendo todos os equipamentos para uma jornada de sucesso.
Russell e Airasian (2014, p. 65) afirmam que "conhecimento da matéria, personalidade e limites de tempo e espaço são fatores importantes ao planejar e executar uma instrução”.
Ou seja, por mais domínio e competência que tenhamos, por maior nosso esforço para promover a inovação, por maior cobertura prevista no planejamento´, é possível que em algum momento algo escape ao planejado e venhamos a cair da bicicleta.
Mas qual a importância disso? É importante analisar as evidências, corrigir o que for necessário, subir na bicicleta e seguir com revisão de rota.
E vamos juntos/as!
Texto citado neste artigo
RUSSELL, Michael K.; AIRASIAN, Peter W.. Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações. 7.ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.







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