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Perfil do professor X engajamento para formação

Temos lido, visto, ouvido muitas publicações sobre a necessidade de formação de professores para: atuação no século XXI, ensino e aprendizagem por competências, inserção na cultura digital e tantas outras demandas urgentes para os docentes.


Em contrapartida, no cotidiano das instituições, encontramos professores cansados com o aumento de atividades dentro e fora de sala de aula. Até porque, saber o conteúdo específico não é suficiente para gerir o processo de ensino e aprendizagem. É essencial o desenvolvimento da formação continuada para que sejam possíveis as respostas às demandas deste século.


A mudança de cultura e as novas formas de aprender exigem do professor novas formas de ensinar. Contudo, nem sempre, ele enxerga a sua formação continuada como elemento fundamental para esses tempos ou não investe tempo para isso, ficando a missão de sensibilizá-lo e não recriminá-lo sem entender seu contexto.

Na análise do perfil do estudante de licenciaturas no Brasil, Locatelli e Diniz-Pereira (2018, p. 226) explicam que:


no que se refere aos processos seletivos existentes, como, por exemplo, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a opção por um curso de licenciatura, quando da entrada no ensino superior, tem sido feita, em geral, por alunos com desempenhos acadêmicos mais baixos, por aqueles que têm pressa para trabalhar ou que já estão no mercado de trabalho. Percebe-se que parte significativa dos estudantes de licenciatura, com origem nas camadas de renda mais baixa da sociedade, não chegam ao magistério por uma opção profissional, mas sim por um movimento de abandono em relação ao que realmente gostariam de fazer.


Talvez daí venha a observação de que muitos professores enxergam a conclusão da graduação como ponto alto de sua trajetória, uma vez que a licenciatura já é considerada uma forma de garantia de emprego e ascensão social. Aliado a isso, o possível desânimo por não estarem construindo carreira nas profissões que desejavam seguir.


A aprendizagem ao longo da vida e a reflexão sobre a prática levam à profissionalização do professor e precisam ser reconhecidas como primordiais na construção de uma carreira.

Perrenoud et al (2018, p. 11), discutindo sobre as estratégias de formação de professores, conceituam que “o profissional é considerado um prático que adquiriu, através de longos estudos, o status e a capacidade para realizar com autonomia e responsabilidade atos intelectuais não-rotineiros na busca de objetivos inseridos em uma situação complexa”. Podemos inferir, com base nos autores, que o professor sai da categoria de reprodução, estereotipação e passa a profissional quando, de forma reflexiva e ativa, é capaz de perceber, analisar, decidir, planejar e avaliar situações, a fim de atuar de maneira consciente e sólida na resolução de problemas.


Todo esse cenário parece compor um dilema vivido pela categoria que se vê obrigada a investir em sua própria formação e participar dos programas promovidos pelas redes, quando parece haver pouca disposição para que isso aconteça. Sem falar na falta de tempo para esse investimento, já que as jornadas de trabalho são grandes e quase sempre envolvem longas distâncias do trabalho.


Diante disso, ficamos com a questão: como engajar os professores para que se tornem profissionais da educação?

Atrevo-me, aqui, a indicar algumas ações que podem contribuir para a conscientização da formação continuada com vistas a agregar na carreira docente:

1 - Ouça suas necessidades - a equipe gestora deve estar pronta para entender o perfil do professor recém-formado, bem como as dúvidas e incertezas dos já experientes para facilitar seu processo de crescimento.

2 - Promova momentos culturais - o repertório cultural é uma necessidade instalada na categoria dada, muitas vezes, à falta de acesso dos professores, de acordo com seu perfil socioeconômico na decisão por uma licenciatura.

3 - Invista em bases pedagógicas inovadoras - os docentes, geralmente na graduação e na pós, concentram-se em aprender conteúdos voltados para seu curso e não para o ensino e aprendizagem de seus alunos.

4 - Faça oficinas - a troca de experiências entre colegas favorece a aprendizagem e esse é, também, o momento de estimular leituras que possam colaborar para a formação do professor.


A formação continuada do professor requer ações para o desenvolvimento do profissional que antecedem à sua atuação em sala de aula. Além disso, são necessários programas mais abrangentes que podem ser a chave para mudança de entendimento da necessidade de continuar aprendendo sempre por uma educação melhor.


Texto citado neste artigo

LOCATELLI, Cleomar; DINIZ-PEREIRA, Júlio Emílio. QUEM SÃO OS ATUAIS ESTUDANTES DAS LICENCIATURAS NO BRASIL? Perfil socioeconômico e relação com o magistério. Revista Caderno de Pesquisa, v. 26, n. 3, jul./set., 2019. p. 225-243.

PERRENOUD, Philippe. Formando professores profissionais. Quais estratégias? Quais competências? 2. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2018.


 
 
 

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