Discussão e ação pela educação
- Juliana dos Santos

- 22 de nov. de 2021
- 2 min de leitura
Há um texto da Lya Luft que usei muito tempo nas minhas aulas de redação. A autora, escrevendo um artigo cujo título é “Educação reprovada”, nos leva ao seguinte trecho: “Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos”.
A gradação construída pela escritora mostra-nos, talvez, um esgotamento de discussões sobre educação, uma vez que assegura que há poucas ações para resolução dos problemas enfrentados na escola.
E é sobre isto: falar e agir. Mudar o discurso. Mudar o posicionamento. Mudar o fazer. Mudar a forma de gerir. Mudar o lugar. Agir, mesmo com pequenas atitudes, em prol da “penetrar o gesso”.
Mas o que seria “penetrar o gesso”? Quando estamos com braços ou pernas engessados, nos aparecem coceiras inoportunas e damos um jeito de colocar uma régua, abrir um espacinho e aliviar aquele incômodo. É como se fosse essa régua que entra em pequenos lugares e modifica uma situação.
Estamos chegando ao final de um ano letivo e vamos ouvir muitos reclamando que agora “todo mundo passa de ano”. Mas não basta reclamar, é preciso repensar, por exemplo, a forma de avaliar os estudantes. Aliás, a concepção de avaliação.
Avaliamos o processo ou estamos ainda construindo as provas tradicionais que parecem ser feitas para “eliminar” o estudante e não promovê-lo? É como se houvesse um mini vestibular a cada momento da vida deles.
Eu aprendi com meu irmão, que é matemático, a contextualizar questões, trazer a vida real para reflexão dos meninos e meninas, resolver problemas que façam sentido e olhar exatamente qual ponto não foi atingido e valorizar a construção de pensamento sem “zerar” uma questão.
Uma amiga que posta fotos de seus alunos em uma escola de periferia discutindo literatura, produzindo teatro, compondo figurinos, selecionando trilha sonora, analisando orçamento, possivelmente viabilizando recursos para o projeto; me ensina que é possível desenvolver habilidades e oportunizar momentos e aprendizagens, agindo pela mudança da educação.
Essas são as réguas que entram no espaço engessado e mudam a aprendizagem, mudam a educação.
As ações para mudança da educação estão em grandes ações, mas principalmente nas oficinas que acontecem nas escolas e que os professores aprendem uns com os outros. Estão nas formações docentes promovidas pelas instituições e pelas Redes. Estão nas redes de colaboração que se criaram na internet para dar condições de aprendizagem aos alunos em contexto de pandemia. Estão, também, na mudança de construção das aulas e na inserção de metodologias que tragam os estudantes para o processo e não os deixem mais sentados “esperando o(a) professor(a) falar”.
Do micro ao macro, é tempo de agir pela educação. É tempo de colocar uma régua para tirar o incômodo causado pelo gesso.
Texto citado neste artigo
LUFT,Lya. Educação Reprovada. https://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/8216-educacao-reprovada-8217-um-artigo-de-lya-luft/, acesso em 21/11/21







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