5 desafios para os docentes hoje
- Juliana dos Santos

- 6 de jun. de 2022
- 4 min de leitura
Ser professor no século XXI não é tão fácil como parece. Mesmo que as tecnologias facilitem a busca por conhecimentos para o planejamento, são muitos os desafios que envolvem o estar na sala de aula e o entorno dela.
Sempre ouço perguntas como: quais os maiores desafios para o professor agora? E, hoje, resolvi elencar cinco que rondam as equipes de gestão e o cotidiano dos professores.
1 - Trabalhar com competências socioemocionais
Os cursos de licenciatura centram seu foco no ensino de conteúdos específicos, resumindo a uma ou duas disciplinas as questões socioemocionais que são tão urgentes para a educação 5.0.
Como base para o desenvolvimento dessas competências, podemos entender o que foi discutido por Zabala (1998) quando elenca conteúdos de ordem atitudinal em três grupos: valores, atitudes e normas. Em seus exemplos, cita como valores: solidariedade, o respeito aos outros, a responsabilidade, a liberdade, etc. No que se refere às atitudes, lista: cooperar com o grupo, ajudar os colegas, respeitar o meio ambiente, participar das tarefas escolares, etc. Já no que tange às normas, afirma que “constituem a forma pactuada de realizar certos valores compartilhados por uma coletividade e indicam o que pode se fazer e o que não se pode fazer em grupo” (ZABALA, 1998, p. 47).
Como o ensino nas licenciaturas pouco inclui esses conteúdos na formação docente de forma que o profissional os tenha como parte integrante de seu plano de aula, a dificuldade se apresenta quando novas urgências são colocadas em sala de aula.
2 - Abarcar tecnologias digitais no planejamento
Parece que, organicamente, as tecnologias digitais ainda não fazem parte do planejamento. Vê-se que no contexto “pós”-pandemia, muitos educadores voltaram à presencialidade sem fazer usos significativos de tantos recursos aos quais foram expostos no momento das aulas remotas. Games, simuladores e recursos abertos que foram utilizados para contribuir para a aprendizagem chegam a nem compor planejamentos com caráter híbrido.
Os estudantes precisam empregar tecnologias para resolver problemas, mas, para isso, os docentes precisam também estar dispostos a se envolver na cultura digital como caminho sem volta.
Tori (2022, p. 221) tece um alerta essencial para nossos tempos que é:
A contribuição da área tecnológica é oferecer recursos que possibilitem, com os menores custos e a máxima qualidade, interoperabilidade, produção, armazenamento, manutenção, reutilização e distribuição de conteúdos digitais. Cabe aos educadores fazer bom uso desses recursos, a exemplo do que há tempos fazem com a tradicional biblioteca.
Acrescento, aqui, que por biblioteca podemos entender livros didáticos, na educação básica, e livros ou artigos científicos, no ensino superior, uma vez que muitos docentes se concentram em indicar material de apoio quase que estritamente composto por textos contínuos.
3 - Qualificar o tempo de planejamento
Planejar é traçar objetivos de aprendizagem, selecionar métodos que gerem engajamento, fazer curadoria de objetos educacionais, mediar atividades e percurso dos aprendizes e, também, avaliar a aprendizagem. Para isso, é preciso conhecer seu grupo de aprendizes, pois haverá mais agilidade no seu processo de planejamento e certamente melhores resultados.
Lemov (2011, p.76) afirma que “O único critério que determina o sucesso de uma atividade não é se você consegue realizá-la ou se as pessoas parecem ter vontade de participar, mas sim se você atingiu um objetivo que possa ser avaliado”.
Quando reservamos o tempo de planejamento com foco nos objetivos, sabemos o ponto de chegada do grupo. Assim, trará maior fluidez e qualidade para nosso trabalho.
4 - Colocar o aluno como protagonista da aprendizagem
Por muito tempo, estivemos no centro das atenções nas salas de aula. Já falamos aqui no blog sobre o tablado que, de certa forma, nos jogavam holofotes; das nossas palestras envolventes que traziam brilho para nós e aos olhos de quem viam. Contudo, precisamos de aprendizes que experimentem para que desenvolvam habilidades para aprender ao longo de suas vidas.
Lima e Moura (2015, p. 76) nos despertam para uma realidade em que
O mundo moderno requer um docente que promova discussões nas aulas, que estimule o protagonismo dos alunos e seja o mediador de crianças e jovens, os quais ensinam a si mesmos e uns aos outros. Se há algo que precisa ser dito é que os professores devem investir na sua formação e ampliar os seus horizontes. Não podemos continuar fazendo mais do mesmo. É preciso inovar. Motivar. Encantar. Inspirar.
Protagonizar é ter o papel principal. Este é um desafio para o docente: mediar caminhos de aprendizagem em que os estudantes tenham o papel principal para pesquisar, discutir, solucionar problemas complexos. Enfim, que transforme sua vida e que tenha como foco contribuir com melhorias coletivas.
5 - Empregar estratégias ativas para desenvolvimento do estudante
É urgente a mudança de concepção sobre o fazer em sala de aula. Embora muitos professores sejam magníficos em suas aulas expositivas, Silva, (2020, p. 15) assegura que
São muitos os benefícios de adotar as metodologias ativas, como o incentivo à tomada de decisões com avaliação dos possíveis resultados dessa decisão, o desenvolvimento de soluções criativas, o trabalho coletivo e a aplicação de conceitos estudados. Porém, é fundamental que as metodologias adotadas sejam adequadas para atingir os objetivos propostos, é muito difícil aferir o sucesso na utilização de uma metodologia se não existe clareza no resultado que se pretende chegar, reflita no o quê, para quê e como ensinar algo.
Notamos o alerta que nos dá o autor sobre objetivos e resultados, já que o fundamental em qualquer processo na educação é a garantia da aprendizagem.
Para vencer esses desafios, são necessários programas de formação continuada, mentoria de equipes pedagógicas e de professores, mudança de cultura com fortalecimento profissional de todos que fazem a educação.
Textos citados neste artigo:
LIMA, L.H. F.; MOURA, F. R. O professor no ensino híbrido. IN: BACICH, Lilian, TANZI NETO, Adolfo, TREVISANI, Fernando de Melo. Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015.
LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de audiência. São Paulo: Da Boa Prosa: Fundação Lemann, 2011.
SILVA, Alexandre José de Carvalho. Guia prático de metodologias ativas com uso de tecnologias digitais da informação e comunicação. Lavras: UFLA, 2020.
TORI, Romero. Educação sem distância: mídias e tecnologias na educação a distância, no ensino híbrido e na sala de aula. 3. ed. ampliada São Paulo: Artesanato Educacional, 2022.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.







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